Mas o fariseu Joaquim descobre um homem no meio da multidão e, por meio de sinais e com o olhar, o intima a vir para a primeira fila. É um homem dos seus cinquenta anos, e tem um braço atrofiado, paralisado até na mão e muito mais curto do que o outro, porque a atrofia destruiu os seus músculos.
Jesus o está vendo. E está vendo também toda a manobra preparada para fazer que Ele o veja. Jesus sente um começo de desgosto e de compaixão, e isto se nota em seu rosto, um pequeno sinal significativo, mas muito claro. Ele não se desvia do golpe. Pelo contrário, o enfrenta com firmeza.
– Vem aqui para o meio, diz Ele ao homem.
E, quando o homem chega à sua frente, Jesus se vira para os fariseus, e diz:
– Por que me estais tentando? Não acabei de falar agora mesmo contra as insídias e o ódio? E vós não dissestes agora mesmo: “Nós não temos esse pecado?” Não me respondeis? Respondei-me pelo menos a esta pergunta: é lícito fazer o bem ou o mal aos sábados? É licito salvar, ou tirar a vida? Não respondeis? Eu, então, responderei por vós, e o farei na frente de todo o povo, que julgará melhor do que vós, porque é sempre sem ódio e sem soberba. Não é lícito fazer nenhum trabalho aos sábados. Mas, assim como é lícito rezar, assim também é licito fazer o bem, porque o bem é oração maior do que os hinos e os salmos que acabamos de cantar, ao passo que, nem no sábado, nem em nenhum outro dia é lícito fazer o mal. E vós o tendes feito, manobrando para terdes aqui este homem, que nem é de Cafarnaum, e que fizestes vir, há dois dias, sabendo que Eu estava em Betsaida, e concluindo que Eu teria vindo à minha cidade. E vós assim fizestes para procurar em que é que me poderíeis acusar. E assim, cometeis também o pecado de matar a vossa alma, em vez de salvá-la. Mas no que depende de Mim, Eu vos perdôo, e não decepcionarei a fé deste homem, ao qual vós dissestes que viesse, dizendo-lhe também que Eu o curaria, enquanto estáveis usando dele para armar-me uma cilada. Ele não tem culpa, porque até aqui veio sem outra intenção, senão a de ficar são. E que assim se faça. Homem, estende a tua mão, e vai em paz.
O homem obedece, e sua mão fica sã, igual à outra. Ele usa dela imediatamente para segurar uma dobra da capa de Jesus a fim de beijá-la, dizendo-lhe:
– Tu bem sabes que eu não sabia da verdadeira intenção deles. Se eu a tivesse sabido, não teria vindo, preferindo ficar com minha mão seca a ir contra Ti. Por isso, não me queiras mal.
– Vai em paz, homem. Eu sei a verdade, e para ti só tenho benevolência.
A multidão sai comentando e, por último, sai Jesus com os onze apóstolos.