Fala, vai falando Dele, enquanto vamos indo. Onde Ele está?
– Em uma pobre casa. Deve ser de pessoas amigas.
– Mas, Ele é pobre?
– É um operário de Nazaré. Assim Ele disse.
– E de que vive agora, se não está mais trabalhando?
– Não lhe perguntamos. Talvez os parentes O estejam ajudando.
– Melhor seria levarmos peixes, pão, frutas… alguma coisa. Vamos perguntar a algum rabi, pois Ele é mais do que um rabi, mas de mãos vazias!… Os nossos rabinos não querem ser assim…
– Mas Ele quer. Não tínhamos mais do que vinte moedas, eu e o Tiago juntos, e oferecemos a Ele, como é costume fazer com os rabinos. Mas Ele não as queria. Nós, então, insistimos e Ele disse: “Deus vo-los restitua, nas bênçãos dos pobres. Vinde Comigo”, e prontamente as distribuiu aos pobrezinhos, que Ele sabia onde moravam, e a nós, que estávamos perguntando: “E para Ti, Mestre, não guardas nada?”, Ele respondeu: “A alegria de fazer a vontade de Deus e de servir à sua glória.” Nós lhe dissemos também: “Tu nos estás chamando, Mestre. Mas nós somos todos pobres. Que é que te devemos trazer?” Ele nos respondeu com um sorriso, que nos fez sentir o gosto do Paraíso: “Um grande tesouro quero de vós.” Nós Lhe dissemos: “Mas … nada temos?” E Ele respondeu: “É um tesouro de sete nomes, que até o mais pobre pode ter, mas o rei mais rico não pode possuir; vós o tendes, e Eu o quero. Ouvi os nomes deste tesouro: caridade, fé, boa vontade, reta intenção, continência, sinceridade e espírito de sacrifício. Isto Eu quero de quem me segue, só isto, e vós o tendes. Está dormindo como uma semente, sob um solo invernal, mas o sol da minha primavera o fará nascer em setêmplice espiga.” Assim Ele falou.
– Ah! Isto me assegura que é o verdadeiro Rabi, o Messias prometido. Não é duro com os pobres, não pede dinheiro… Basta isto para chamá-lo o Santo de Deus. Vamos tranqüilos.
E tudo termina.