João é o primeiro a avistar Jesus, monstrando-o ao irmão, e aos companheiros. Falam eles ainda um pouco entre si e, depois, João se põe a caminhar rapidamente para alcançar Jesus. Tiago o segue mais devagar. Os outros não se interessam, continuando a caminhar lentamente e discutindo.
Quando João chega perto de Jesus, às suas costas, à distância de uns dois ou três metros, grita:
– Cordeiro de Deus, que tiras os pecados do mundo!
Jesus se vira, e olha para ele. Os dois estão a poucos passos um do outro. Eles se observam. Jesus, com seu aspecto sério e indagador. João, com seus olhos puros e risonhos, no belo rosto tão juvenil, que parece feminino. Podem-se lhe dar uns vinte anos e, sobre a face rosada, não tem ainda mais do que alguns poucos pelos loiros, como uma veladura dourada.
– A quem estás procurando? –pergunta Jesus.
– A Ti, Mestre.
– Como sabes que eu sou mestre?
– Foi o Batista que me disse.
– E, por que me chamas Cordeiro?
– Porque o ouvi chamar-te assim, um dia em que ias passando, há pouco mais de um mês.
– Que queres de Mim?
– Que nos digas palavras de vida eterna, e nos consoles.
– Quem és tu?
– João de Zebedeu, sou eu, e este é Tiago, meu irmão. Somos da Galiléia. Somos pescadores. Mas somos também discípulos de João. Ele nos dizia palavras de vida, nós o escutávamos, porque queríamos seguir a Deus e, com a penitência, merecer o seu perdão, preparando os caminhos do coração para a vinda do Messias. Tu és o Messias. João o disse, porque viu o sinal da Pomba pousar sobre Ti. Disse –nos também: “Eis o Cordeiro de Deus.” Eu, então, digo a Ti: Cordeiro de Deus, que tiras os pecados do mundo, dá-nos a paz, porque não temos mais quem nos guie, e nossa alma está turbada.
– Onde está João?
– Herodes o pôs na prisão, em Maqueronte. Os mais fiéis entre os seus discípulos tentaram libertá-lo. Mas não é possível. Nós estamos voltando de lá.