Agora, já estamos vendo Corozaim.
Jesus olha fixamente para o novo discípulo, dizendo:
– A quem dá será dado. O fato de receber não tira o mérito do doador. Leva-me ao vosso sepulcro e à casa de tua mãe.
O jovem se ajoelha, beijando, entre lágrimas, as mãos de Jesus.
– Levanta-te. Vamos. O meu espírito ouviu o teu pranto. Quero fortificar-te no heroísmo com o meu amor.
– Isaac, o Adulto, me havia falado quanto Tu eras bom. Isaac, sabes? Aquele cuja filha Tu curaste. Ele foi o meu apóstolo. Mas estou vendo que a tua bondade é ainda maior do que tudo o que me disseram.
– Nós vamos também saudar o Adulto para agradecer-lhe por me haver dado um discípulo.
Chegaram a Corozaim, e é justamente a casa de Isaac a primeira que se encontra. O velho, que está voltando para casa, ao ver o grupo de Jesus com os seus, e entre eles o jovem de Corozaim, levanta os braços, com seu bastãozinho na mão, ficando de boca aberta, como se tivesse perdido o fôlego. Jesus sorri, e o seu sorriso faz voltar a voz ao velho.
– Deus Te bendiga, Mestre! Como é que fui ter esta honra?
– Para te dizer “obrigado.”
– Mas, obrigado por quê, meu Deus? Eu é que devo dizer-te esta palavra. Entra, entra. Oh! Que pena que minha filha esteja longe, ajudando a sogra. Ela se casou, sabes? Eu recebi todas as bênçãos depois de ter-te encontrado! Uma vez que ela ficou curada, logo depois voltou de longe aquele rico parente, viúvo, com a criança que precisavam de uma mãe… Oh! mas eu já te contei estas coisas! Minha cabeça está ficando velha. Perdoa-me.
– Tua cabeça é sábia, e se esquece até de gloriar-se pelo bem que faz ao Mestre. Esquecer-se do bem feito é sabedoria. Mostra humildade e confiança em Deus.
– Mas eu… não saberia…
– Este discípulo, não é por ti que eu o tenho?
– Oh!… Mas eu não fiz nada, sabe? Só disse a verdade… e estou contente que Elias esteja contigo.
Depois ele se vira para Elias, e diz:
– Tua mãe, depois de um primeiro momento de assombro, teve o seu pranto enxugado, ao saber que eras do Mestre. Mas teu pai não deixou de ter dignas condolências. Faz pouco tempo que foi enterrado.
– E o meu irmão?
– Ele cala-se… Tu sabes… para ele foi duro ver que estavas ausente… pelo povoado… Ele ainda pensa assim.
O jovem se volta para Jesus:
– Tu o disseste. Mas eu não queria que ele estivesse morto… Faze que ele se torne vivo como eu e a teu serviço.
Os outros não compreendem, e olham como querendo fazer uma pergunta, mas Jesus responde:
– Não percas a esperança, e persevera.
Depois, abençoa Isaac, indo embora, apesar das pressões para não fazê-lo.