– Matias é um justo. A verdade se revela aos justos, como se revela a estes inocentes que, melhor do que todos os outros, sabem quem Eu sou. Deixai-me, antes de despedir-me de vós, que Eu ouça o louvor à misericórdia de Deus proferido pelos anjos da terra. Vinde cá, pequenos.
Os meninos, que tinham ficado quietos com dificuldade até aquele momento, vão correndo para Ele.
– Dizei-me, ó criaturas sem malícia, para vós, qual é o meu sinal?
– Que Tu és bom.
– Que fazes ficar sã a mamãe com o teu Nome.
– Que queres bem a todos.
– Que és belo, mas não como um homem pode ser.
– Que tornas bom também quem era ruim como meu pai.
Cada uma daquelas boquinhas infantis proclama uma das qualidades de Jesus, e fala dos sofrimentos que Ele transformou em sorrisos.
Mas o mais querido de todos é o pequeno buliçoso, de uns quatro anos, que sobe para o colo de Jesus, e se agarra ao pescoço dele, dizendo:
– O teu sinal é que queres a todos os meninos, e que os meninos te querem bem. Um bem deste tamanho…
E abre os bracinhos gorduchos, rindo muito, para depois apertar com eles o pescoço de Jesus, esfregando de novo sua face infantil na face de Jesus, que o beija, dizendo:
– Mas, por que me quereis bem, se antes nunca me havíeis visto?
– Porque te pareces com o anjo do Senhor.
– Mas, tu não o viste, pequenino… –diz-lhe Jesus, sorrindo.
O menino fica, por um instante, indeciso. Depois se ri, mostrando todos os dentes, e diz:
– Mas a minha alma o viu muito bem! A minha mãe diz que eu o tenho e que está aqui, e Deus a vê, e a alma já viu a Deus e aos anjos, e os está vendo. E a minha alma te conhece, porque és o Senhor.
Jesus o beija na fronte, e diz:
– Que aumente para ti, com este beijo, a luz da inteligência, e o põe no chão.
E o menino sai correndo e pulando em direção de seu pai, conservando a mão apertada na fronte, no ponto em que foi beijado, e gritando:
– Vou à mamãe, à minha mãe. Para que ela beije aqui onde o Senhor beijou, a fim de que ela recupere a voz, e não fique mais chorando.
Explicam a Jesus que ela é uma esposa que sofre da garganta, desejosa de um milagre, mas que não foi curada pelos discípulos, que não puderam sanar aquele mal, não tendo podido tocar nele, porque estava muito profundo.
– Vai curá-lo o menor dos meus discípulos, o filhinho dela. Vai em paz, homem, e tem fé, como o teu filho –diz Jesus, despedindo-se do pai do menino.
Ele beija os outros pequeninos, que ficaram querendo também um beijo na fronte, e se despede dos moradores do lugar. Ficam com ele os discípulos, os de Quedes e do outro lugar.