Descem novamente aos pés da colina. Entram no horto de José. O Sepulcro mostra o seu interior de ampla abertura, mas não mais fechada pela pedra, que ainda está ali, revirada no chão, no meio do mato. O interior está vazio. Desapareceram todos os sinais da Deposição e da Ressurreição. Parece um sepulcro que nunca foi usado.
Maria beija a pedra da Unção e acaricia com seu olhar as paredes. Depois Ela faz um pedido a João:
– Repete-me de novo como foi que encontraste as coisas aqui, quando vieste com Pedro a este lugar naquela aurora da Ressurreição.
E João, deslocando-se para cá e para lá, para fora e para dentro do sepulcro, torna a descrever como é que estavam as coisas, e o que ele e Pedro fizeram, e termina dizendo:
– Deveríamos ter retirado os linhos. Mas estávamos tão agitados por todos os acontecimentos daqueles dias, que nem pensamos nisso. Quando voltamos, os linhos não estavam mais aqui.
– Aqueles do Templo devem tê-los apanhado, para profaná-los
–diz Maria, interrompendo-o.
E conclui:
– Nem Maria de Magdala pensou que seria bom levá-los para os dar a mim… Pois também ela estava perturbada demais.
– Os do Templo? Não. Eu penso que quem os apanhou foi José.
– Ele me teria dito… Oh! Para prestar-lhe algum último gesto de desprezo, os inimigos de Jesus devem tê-lo apanhado! –geme Maria.
– Não chores, não sofras mais. Ele já está na glória. No amor perfeito e infinito. O ódio e o desprezo não podem feri-lo mais.
– É verdade. Mas aqueles linhos…
– Eles te causariam dor, como te causou o primeiro Lençol, que não tens força para abrir, pois, além dos sinais do seu Sangue, têm também os das coisas imundas jogadas sobre aquele Corpo Santíssimo.
– Aquele Lençol, sim. Mas este, não. Eles absorveram tudo o que gotejava Dele quando Ele não sofria mais… Oh! Tu nem podes entender!
– Eu entendo, mãe. Mas eu pensava que Tu — que certamente não estás separada Dele Deus como nós somos, e como são mais ainda os simples fiéis que creem Nele — não sentisses tão fortemente o desejo, ou melhor, a necessidade de ter alguma coisa Dele, Homem torturado. Perdoa a minha estupidez. Vem… Retornaremos aqui ainda. Agora vamos, porque o Sol vai-se levantando sempre mais, e já está forte, e o caminho é longo para nós, que precisamos evitar a cidade.