Lá vem o Mestre e os companheiros. Controla-te.
– A paz esteja contigo, Mestre…
– A paz esteja contigo, Judas de Simão.
– É tão bom para mim achar-te aqui… Precisaria falar-te…
– Então, fala.
– Sabes… eu queria dizer-te… Não podes me ouvir separado?
– Estás entre os companheiros.
– Mas eu queria falar só contigo.
– Em Betânia Eu fico sozinho com quem me quer e procura. Mas tu não me procuras. Tu me evitas…
– Não, Mestre. Não podes dizer isso.
– Por que é que ontem ofendeste a Simão, a Mim, e conosco ao José de Arimateia, os companheiros, minha mãe e as outras?
– Eu? mas eu nem vos vi.
– Não quiseste ver-nos. Porq ue não vieste, como combinado, para abençoar o Senhor Deus por um inocente acolhido na Lei? Responde! Nem sentiste o dever de avisar que não vinhas.
– Lá vem meu pai –grita Margziam, que vê de longe a Pedro, que vem vindo de volta, com o seu cordeiro já degolado, destripado e enrolado em sua pele–. Oh! Com ele vem vindo Miqueias e os outros. Eu vou, posso ir ao encontro deles, para ouvir o que estão falando do meu velho pai?
– Vai, meu filho –diz Jesus, acariciando-o.
E acrescenta, tocando no ombro do João de Endor:
– Eu te peço, acompanha-o e… procura entretê-lo um pouco.
E volta-se de novo para Judas:
– Responde-me, agora. Eu estou esperando.
– Mestre, uma obrigação imprevista… indispensável… Senti dor por isso, mas…
– Mas, será que em toda esta Jerusalém não havia alguém para trazer tua justificação, se é que tinhas alguma? Isto já era uma culpa. Eu te faço lembrar que ultimamente um homem deixou de ir sepultar o seu pai para acompanhar-me, que estes meus irmãos deixaram a casa paterna, entre anátemas.. para seguir-me., e que Simão e Tomé, e com eles André, Tiago, João, Filipe e Natanael deixaram suas famílias; e Simão Cananeu a sua riqueza, para dar-ma. E Mateus, o pecado para Me seguir. Eu poderia continuar com cem nomes. Há quem abandona a vida, a própria vida para seguir-me no Reino dos Céus. Mas, posto que não és generoso sê, ao menos, educado. Não tens caridade, mas procura ter, pelo menos, um modo de proceder de homem. Imita, já que eles te agradam, os fariseus falsos, que me atraiçoam, que nos atraiçoam mostrando-se muito educados. O teu dever era de te conservares para nós ontem, de não ofenderes Pedro, que Eu exijo que seja respeitado por todos. Mas, pelo menos que tivesses procurado mandar um aviso.
– Eu errei.