O mais velho dos sábios fala por todos. Explica a Maria que eles viram, numa noite no mês de dezembro passado, acender-se uma nova estrela no céu com esplendor fora do comum. Nunca os mapas do céu tinham trazido aquele astro, nem falado nele. O seu nome não era conhecido, porque não tinha nome. Tendo, então, nascido do seio de Deus, aquela estrela teria aparecido para vir dizer aos homens alguma verdade bendita, algum segredo de Deus. Mas os homens não lhe haviam dado importância, estando eles com a alma presa na lama. Não eram capazes de levantar o olhar para Deus, não sabendo ler as palavras escritas por Ele, eterno bendito, com seus astros de fogo na abóbada dos céus.
Eles a tinham visto, e se esforçaram para escutar sua voz. Deixando, pois, de lado, mas com alegria, o pouco descanso do sono que concediam aos seus membros, esquecendo-se até de comer, eles se haviam aprofundado no estudo do zodíaco. As conjugações dos astros, o tempo, a estação, o cálculo das horas passadas e das combinações astronômicas lhes haviam dito o nome e o segredo da estrela. O seu nome: “Messias.” E o seu segredo: “O Messias veio ao mundo.” Então, partiram para adorá-lo. Cada um deles, sem os outros dois saberem. Por montes e desertos, vales e rios, viajando de noite, foram tomando o rumo da Palestina, porque este era o rumo da estrela. Para cada um deles, vindo de três pontos diferentes da terra, ela ia naquele rumo. Eles se tinham encontrado depois, além do Mar Morto. A vontade de Deus os tinha reunido lá, e continuaram a viagem, juntos, se entendiam, ainda que cada um falasse a sua própria língua, entendendo e podendo falar a língua de cada região em que se achassem, por um milagre do Eterno.
Juntos tinham ido a Jerusalém, porque o Messias devia ser o Rei de Jerusalém. O Rei dos judeus. Mas lá a estrela se tinha escondido, sob o céu daquela cidade, e eles sentiram seus corações partirem-se de dor, começando então a examinar suas consciências, para descobrirem se não teriam deixado de merecer a proteção de Deus. Mas, tranqüilizadas suas consciências, haviam se dirigido ao rei Herodes – perguntando-lhe em que palácio havia nascido o Rei dos judeus, pois eles o tinham vindo adorar. O rei, tendo reunido os príncipes dos sacerdotes e os escribas, lhes perguntou onde se esperava que nascesse o Messias. Eles lhe responderam: “Em Belém de Judá.”
Tomaram, pois, os Magos o rumo de Belém, e a estrela tornou a aparecer aos seus olhos. Quando deixaram a Cidade Santa, na tarde anterior, a estrela tinha aumentado seus esplendores, e o céu parecia um incêndio. Depois, a estrela parou, reunindo toda a luz das outras estrelas com a sua luz, sobre esta casa. Então, eles compreenderam que ali estava o Filho de Deus. E agora o estavam adorando, oferecendo-lhe os seus pobres presentes e, mais do que tudo, oferecendo-lhe os seus corações, que nunca mais cessariam de bendizer a Deus pela graça concedida, nem de amar o seu Filho, cuja Humanidade eles estavam vendo. Depois, iriam, na volta, informar ao rei Herodes, porque ele também queria adorar o Menino.