– A que poderei Eu comparar este mundo todo, em particular, a Palestina de tempos atrás e, no pensamento de Deus, unida em uma única nação, e depois dividida, por um erro e por um obstinado ódio entre os irmãos? A que compararei Israel, assim como ficou reduzido por sua vontade? Eu o compararei a esta romã. Na verdade, Eu vos digo que os desentendimentos que há entre os judeus e os samaritanos se repetem, em forma e medida diferentes, mas com uma única base, que é o ódio, por entre todas as nações do mundo, e às vezes entre províncias de uma mesma nação. Eles se dizem invencíveis, como se fossem umas coisas criadas pelo próprio Deus. Não. O Criador não fez tantos Adãos e tantas Evas, quantas são as raças levantadas umas contra as outras, como inimigas. Deus fez um só Adão e uma só Eva, e deles é que vieram todos os homens, espalhados depois para povoar a terra, como se formassem uma só casa, que cada vez mais se enriquece em número de quartos, à medida que os filhos vão crescendo, vão-se casando e procriando os netos para os seus pais. Por que, então, tanto ódio entre os homens, tantas barreiras, tantas incompreensões? Vós dissestes: “Sabemos ser unidos, sentindo-nos irmãos.” Mas não basta. Deveis amar também aqueles que não são samaritanos.
Olhai este fruto. Vós sabeis qual o sabor e qual a beleza dele. Fechado como é, ele já vos está prometendo o suco doce do seu interior. Quando é aberto, alegra também à vista, com as fileiras cheias de grãozinhos semelhantes a outros tantos rubis fechados em um escrínio. Mas, ai do incauto que a morder, sem antes ter tirado as separações fortemente amargas, que estão entre uma e outra família dos grãozinhos. Ela intoxicaria seus lábios e vísceras, e ele, repeliria a fruta, dizendo: “isto é veneno.” Igualmente as separações e os ódios entre um povo e outro, entre uma e outra tribo, transformam em “veneno” o que havia sido criado para ser doçura. São inúteis, não fazem, como nesta fruta, nada mais do que criar limites, que reduzem o espaço, e produzem compressão e dor. São amargos para quem lhes dá uma dentada, isto é, para quem morde o vizinho, ao qual não ama, para fazer-lhe uma ofensa e causar-lhe um aborrecimento. Dão-lhe uma amargura que envenena o espírito.
São indestrutíveis? Não. A boa vontade os desfaz, assim como a mão de um menino tira esses enchimentos amargos da doce fruta, que o Criador fez para delícia de seus filhos. A boa vontade tem como o primeiro entre todos o mesmo Único Senhor, que é Deus tanto dos judeus, como dos galileus, dos samaritanos, como dos bataneus. Ele vo-lo demonstrou, mandando-vos o Único Salvador, que vos está falando, e que passará derrubando as barreiras inúteis, destruindo o passado que vos dividiu, a fim de substituí-lo por um presente que vos irmana em seu nome. Vós todos, de aqui e de além dos limites, não precisais fazer outra coisa mais, mas ajudá-lo, e o ódio cairá, cairá esse aviltamento que produz o rancor, cairá o orgulho que suscita a injustiça.
O meu Mandamento é este: que os homens se amem, como irmãos que eles são. Amem-se como o Pai dos Cés os ama, como os ama o Filho do Homem que, pela natureza humana, que Ele assumiu, sente-se irmão dos homens, e que pela sua Paternidade, se sabe capaz de vencer o Mal, com todas as suas consequências. Vós dissestes: “Nossa lei é não trair. Então, como primeira coisa, não trair mais as vossas almas, privando-as do Céu. Amai-vos uns aos outros, amai-vos em Mim, e a paz virá aos espíritos dos homens, como foi prometido. Virá o Reino de Deus, que é Reino de Paz e de Amor, para todos aqueles que têm uma vontade constante de servir aos Senhor seu Deus.