Maria a acaricia e conforta, e a convida, para distraí-la, a sair um pouco pelo jardim ensolarado.
Caminham debaixo de uma parreira bem cuidada, e chegam até uma torrinha de construção rústica, em cujos buracos os pombos fazem ninhos.
Maria joga comida para os pombos, e ri, porque eles se precipitam sobre ela, com um contínuo arrulhar, em revoadas, formando círculos iridescentes ao redor dela. Sobre sua cabeça, sobre os ombros, sobre os braços e as mãos, eles vêm pousar, espichando os pecoços para, com seus bicos rosados, catar os grãozinhos nas palmas das mãos, bicando de um modo gracioso os lábios rosados da virgem, e seus dentes que brilham ao sol. Maria vai tirando de um saquinho alguns dourados grãos de trigo, e os joga, e fica sorrindo, ao ver aquele torneio, do qual participam os mais vorazes.
– Como eles gostam de ti –diz Isabel–. Há poucos dias que estás conosco e eles gostam de ti tanto quanto gostam de mim, que sempre tratei deles.
O passeio prossegue, até chegarem a um recinto fechado, onde estão umas cabras com seus cabritinhos.
– Voltaste do pasto? –pergunta Maria a um pequeno pastor que ela acaricia.
– Sim, porque meu pai me disse: “Vai para casa, porque daqui a pouco vai chover, e temos umas ovelhas que estão para dar cria. Providencia que elas tenham erva enxuta e que a cama dos animais esteja preparada.” Ele lá vem vindo.
E acena, mostrando para o outro lado do bosque, de onde está vindo um balido continuado e trêmulo.
Maria está acariciando um cabritinho loiro como uma criança, que se roça contra ela, e, junto com Isabel, bebe leite tirado na hora e que o pastorzinho lhes oferece.
Chegam as ovelhas, guiadas por um pastor cabeludo como um urso. Mas deve ser um bom homem, pois vai levando sobre os ombros uma ovelha que se lamenta. Ele a põe no chão, devagar, e explica:
– Está para ter o cordeirinho. Já não podia mais caminhar, de tão cansada. Eu a coloquei sobre os ombros. Tive que dar uma boa carreira para chegar a tempo.
A ovelha, mancando por causa das dores, é conduzida até o redil pelo menino.
Maria sentou-se sobre uma pedra, e está brincando com os cabritinhos e os cordeiros, oferecendo-lhes folhas de trevo, que ela coloca diante de seus focinhos rosados. Um cabritinho branco e preto põe-lhe a patinha sobre os ombros, e lhe cheira os cabelos.
– Não é pão –diz Maria rindo–. Mas amanhã te trarei uma crosta de pão. Fica bonzinho, por enquanto.
Também Isabel ri, agora mais tranqüilizada.