Eu só tenho algumas moedas para dar-vos, a fim de tornar menos dura a vossa condição material. Eu vo-las dou. Entrega-lhas, Mateus. Que eles as repartam entre si. São muitas, mas, para vós que sois tantos e tão necessitados, elas são poucas. Mas Eu não tenho outra coisa… Outra coisa material. Tenho, ainda, o meu amor, a potência do meu ser como Filho do Pai, para pedir em vosso favor os infinitos tesouros sobrenaturais, a fim de consolar os vossos prantos e dar luz às vossas escuridões.
Oh! Que triste vida, mas Deus a pode tornar luminosa! Só Ele! Só Ele! E Eu digo: “Pai, por eles Eu rezo. Não rezo a Ti pelos felizes e os ricos do mundo. Mas por estes que só têm a Ti e a Mim. Faze que eles se elevem tanto nos caminhos do espírito, que encontrem todo o conforto em nosso amor, e demo-nos a eles com o amor, com todo nosso amor infinito, para cobrir de paz, de serenidade, de força sobrenatural as suas jornadas, as suas ocupações, para que, como uns estranhos para o mundo, por nosso amor possam resistir ao seu calvário e, depois da morte, ter a Ti, a Nós, felicidade infinita.”
Jesus pregou, tendo-se posto em pé, separando-se pouco a pouco das crianças, que haviam adormecido ao lado dele. E está cheio de majestade e de doçura, em sua oração.
Agora Ele volta a baixar seu olhar, e diz:
– Eu já me vou. É hora de fazer-vos voltar para vossas casas em tempo. Ainda nos veremos. E Eu trarei Marziam. Mas, mesmo quando Eu não puder mais vir, o meu Espírito estará sempre convosco, e estes meus apóstolos vos amarão como Eu vos amei. O Senhor derrame sobre vós a sua bênção. Ide!
E se inclina para acariciar os pequeninos adormecidos, e se entrega às expansões da pobre multidão, que não sabe afastar-se dele…
Mas enfim, cada um por sua vez, vai tomando seu rumo, e os dois grupos se separam, enquanto a lua vai descendo, e os ramos acesos vão ter que tornar a clarear o caminho. E a fumaça áspera dos ramos acesos, que estavam um pouco úmidos, é uma boa desculpa para os olhos que começam a brilhar…